terça-feira, 24 de abril de 2012

A outra metade da laranja

Desde pequenas, as meninas são levadas a pensar que são princesas, que um dia vão conhecer o seu príncipe encantado, que as salva de todo o mal do mundo, que as levam para viver num castelo, onde serão os dois felizes para sempre. E assim acabam todos os contos de fadas, desde a antiquíssima Branca de Neve e aos Sete Anões até ao recente Shrek...
E as meninas vivem assim, toda uma vida à espera que o seu príncipe chegue e as leve para o seu Conto de Fadas. Eu não sou excepção: esperei, esperei (oh se esperei)... cada um que aparecia, eu acreditava, de verdade, que era O príncipe encantado! Mas não era, nunca era... acabava sempre por descobrir que se tratava de um sapo disfarçado, uma desilusão! Cada um que se ia, era um melodrama na minha vida: a minha vida ia acabar, não ia conseguir viver sem ele, "oh Meu Deus! Nunca mais vou ser feliz!". Os primeiros dias eram um horror, depois ia passando aos poucos e uns tempos mais tarde já nem me lembrava disso. Claro que ficava o ressabiamento, a dor interna e a promessa que nunca MAIS me ia apaixonar, deixar endrominar por um anormal qualquer, nunca, nunca mais porque "eu sou mais eu", independente e liberal e não preciso de homem nenhum para ser feliz!
E assim estava eu, feliz da vida comigo própria, sozinha e independente. Estava com os meus amigos, cafés, cinemas, concertos era rituais habituais... até me aperceber que um desses amigos, afinal, já não era só amigo. O drama, O horror, O terror! Tudo desabou na minha cabeça: como posso ter alguma coisa com ele? Se nos chateamos, a nossa amizade de anos morre... e depois? E depois? E depois nada: eu gostava dele, ele gostava de mim e ficámos juntos.
Mas os Contos de Fadas existem? Se calhar não: vá, nunca houve o dragão a cuspir fogo para a minha casa, nem o rapaz me salvou montado num cavalo branco e de espada na mão. Também não acredito muito no "Felizes para Sempre", as pessoas chateiam-se naturalmente, têm pontos de vista diferentes, é normal, não há nada a fazer. Mas acredito que encontrei a pessoa certa, a outra metade da laranja, com quem adormeço e acordo todos os dias, com quem partilho o meu dia, que sei que está ali sempre para mim, da mesma forma que também eu estou para ele.
E sim, um dia casamos e vivemos felizes (até ao dia...)!

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